sábado, 10 de outubro de 2009

Os Linos no Continente






Regressam amanhã à Madeira, depois de uma passagem por Almada, Porto e Picos da Europa (Espanha), os nossos amigos Rubina e Lino, que em Lisboa têm dois filhos a estudar: o Luís Filipe e o João, este também a fazer o serviço militar. Com eles, tivemos oportunidade de num dia irmos a Vila Nogueira de Azeitão e à cidade de Setúbal, onde visitámos o Forte de São Filipe, de onde se tem uma bela panorâmica da cidade e da península de Tróia, e noutro dia a Almeirim, de onde descemos para Alcochete, vila ribeirinha da margem sul do estuário do Tejo, a que está muito ligado. Clicando sobre os seus nomes, podem ser virtualmente visitadas e exploradas as suas múltiplas características com informação abalizada.
Foram dias agradáveis e com tempo favorável os passados com a família Lino, sendo de realçar o facto de termos comemorado, no dia 4, mais um aniversário do amigo Lino Figueira, a quem desejamos muitas felicidades, extensíveis a toda a sua família.

Álvaro regressou à Venezuela


Regressou hoje de manhã a Caracas, depois de uma larga estada no nosso País, principalmente na Madeira, onde esteve mais de um mês, o nosso irmão Álvaro, que não vinha a Portugal há trinta e oito anos. Pelo que nos foi dado saber, foram muito apreciados por ele os dias passados na nossa terra, aonde esperamos que regresse agora mais vezes para gozar a sua merecida reforma.

domingo, 30 de agosto de 2009

Reencontro familiar de Madalenas



Para assinalar o reencontro dos quatro irmãos Madalena em Portugal Continental, foi organizado, ontem, com a preciosa colaboração das manas e nossas amigas Ana Maria e Gorete, o passeio familiar a Fátima e arredores que as fotos aqui documentam.
Com muito sol e a temperatura a subir rapidamente, saímos de Almada, cerca das 9 horas, em três automóveis, e chegámos a Fátima perto do meio-dia. Para retemperar as forças e animar o espírito, começámos por comer sandes e beber uns copos de vinho tinto logo que arranjámos lugar à sombra para os carros. Depois, em grupo, debaixo de sol abrasador, foram feitas visitas ao santuário de Fátima antigo, à capela das Aparições e ao santuário moderno, para cumprimento e pagamento de promessas a Nossa Senhora. Seguidamente, o grupo comprou recordações para oferecer aos familiares e amigos, como é costume nestas visitas a Fátima.
Passava das 14 horas, quando saímos do recinto para comprarmos frangos assados, que fomos saborear, em alegre e bem «regado» convívio, num dos vários recintos de merendas num aromático eucaliptal existente fora da cidade.
Tomado o café, num restaurante próximo, retomámos a marcha para a vila de Aljubarrota, no concelho de Alcobaça, onde visitámos o lindíssimo Mosteiro da Batalha, erguido pelo rei D. João I para perpetuar a vitória, dele e do condestável Nuno Álvares Pereira, na célebre batalha contra os invasores espanhóis no dia 14 de Agosto de 1385.
Dali, depois de atravessarmos uma parte do Pinhal de Leiria, mandado plantar pelo rei D. Dinis para defesa das terras de cultivo do interior do avanço das areias do litoral, dirigimo-nos para a antiga vila piscatória da Nazaré, onde subimos ao Sítio, para admirar o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, o coreto do largo fronteiro e, dos vários miradouros do local, avistarmos o típico casario da cidade, a longa praia da Nazaré, e o mar sem fim que se estende até ao alcance da nossa vista no extenso Atlântico.
Já a caminho de Lisboa, entrámos nas muralhas da medieval vila de Óbidos, onde os forasteiros, recebidos por comerciantes de frutos secos, doces e produtos da região, ao som de música da época, são «obrigados» a recuar aos tempos antigos, perante o ambiente que se vive no interior da vila, os seus monumentos e a tipicidade das ruas e das casas floridas. Saboreada a famosa ginjinha local, servida agora em copos de chocolate que se comem ou em copos de barro que se trazem, retomámos o caminho para Lisboa, aonde chegámos já noite cerrada.
A convite da Gorete, fomos ainda a sua casa tomar um copo e apreciar a vista que do alto do décimo primeiro andar se tem sobre Lisboa e arredores.
Finalmente, já em Almada, assámos um saboroso «piano» de porco, esfregado de vespera com sal, muito alho, louro e pimenta, que foi do agrado de todos.
À Ana Maria e à Gorete, os nossos agradecimentos pelo passeio.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Passeio à Praia da Torre, Oeiras




Com a chegada, na passada quinta-feira, de minha irmã Elisabete, da África do Sul, e de seu filho Maurílio, da Inglaterra, começa a minha casa a compor-se, ficando completa, na próxima quinta-feira, com a vinda de mais seis familiares do Funchal, entre eles, meu irmão Álvaro e o filho, Roberto, que chegaram, no dia 20, da Venezuela, e vão ter a surpresa de se encontrar aqui.
Ontem, domingo, depois do gostoso almoço que a Ana nos ofereceu em sua casa, no Cacém, e que contou com a presença do Paulo César e da Fernanda, sua companheira, fomos passear para a Praia da Torre, em Oeiras, mesmo ao lado do Forte de São Julião da Barra, principal monumento do género na região de Lisboa e que é também residência oficial do Ministro da Defesa Nacional. Na primeira e na terceira fotos vê-se o Forte do Bugio, à entrada do rio Tejo, onde se encontra o farol que guia a navegação para a entrada da barra de Lisboa. Ao fundo, do outro lado do rio e do mar, vê-se a Trafaria e a longa praia da Costa de Caparica, em Almada.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Help! Socorro! Tirem-no daqui!





Ontem, vinda de Londres via Madrid, chegou-me a casa esta mariposa. Não sei o que fazer ou pensar desta «bicha» que me entrou pela casa dentro e vai estar até 8 de Setembro. Esteve a enganar-me durante 48 anos! Não tem nada a ver com os Madalenas, devem ser genes dos Nunes! Vejam só o jeitinho dos dedos «dela» na umbreira da porta. É uma argolinha! Help! Socorro! Tirem-no daqui!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

«Já-vai-ali»

Terminada a «maratona» dos postais de férias na Madeira e estando em período de descanso bloguista, fui alertado pelo nosso amigo João Manuel Andrade para o desaparecimento de fotos do «Já-vai-ali».
Averiguada a situação, atendendo ao meu amadorismo, o que se passa é o seguinte: O alojamento livre e gratuito no www.filedropper.com é de somente sete dias. A partir daí é pago. «O site é na realidade muito bom – segundo o Luís Miguel –, para enviar gratuitamente "links" até 5 gigas, muito grandes, e, no espaço de sete dias do alojamento, quem os receber passá-los para uma pasta normal.» Tem ainda o contratempo de não se ver as fotos directamente, carecendo de «downloads» que demoram muitos minutos a fazer nalguns casos.
Posto isto, voltei a carregar as fotos no dia 18, que vão estar activas no blogue até o dia 24 de Agosto. Recomendo, portanto, aos amigos que desejem e ainda não o fizeram, «download» das fotos e a consequente passagem para uma pasta. Se necessário, mandem-me um «e-mail» para jluismadalena@gmail.com ou telefonem-me para 916011627 ou 212956916 para lhes mandar as fotografias.
Estou a pensar alojar as fotos no www.flickr.com, «mais fácil de aceder – ainda segundo o meu assistente Luís Miguel –, mas com o inconveniente de só alojar gratuitamente até 200 fotos em cada conta».
Se algum amigo for conhecedor do assunto, agradeço que me diga a melhor maneira de usar este brinquedo. Um abraço!, José Luís.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Viva a Madeira!

Partimos de Lisboa, no dia 4 de Julho, às 16.45, com meia hora de atraso sobre a hora prevista, rumo à Madeira, num avião da Easyjet, companhia que utilizámos pela quinta vez. Nunca tivemos uma saída para a Madeira como esta. Sobrevoámos a margem sul do Tejo e saímos por Setúbal. Gostei de ver a cidade de Setúbal, o Sado, Tróia e parte da Costa Vicentina. O voo foi normal, mas a viagem fastidiosa para mim, como todas. Não consigo ler com atenção e muito menos dormir nas viagens de avião. Gosto mais de viajar sobre terra, tentando descobrir as cidades ou localidades que o avião sobrevoa. Finalmente, algo, ao longe, me despertou os sentidos. Era a silhueta da ilha do Porto Santo, sobre a asa esquerda do avião, que pouco a pouco se definia. Nunca tinha passado tão próximo da Ilha Dourada. Animei-me. Estávamos a chegar. Entrámos na Madeira pela Ponta de São Lourenço, onde avistei no mar grandes tanques circulares de cultura de peixes, que vim a saber depois ser de douradas. A aproximação ao aeroporto e à pista fez-se normalmente, muito bem, como boa foi a aterragem, uma hora e vinte minutos depois da saída de Lisboa.
Levantámos a bagagem e dirigimo-nos para a saída, onde nos aguardavam familiares saudosos como nós. Beijos e abraços, e metemo-nos no automóvel da Dina, nossa sobrinha, a caminho de casa de minha irmã, prontos para rever outros familiares e amigos, abraçá-los, conviver com eles e aumentar uns dois ou três quilos de peso. É que na Madeira come-se bem e bebe-se melhor. Convívios são muitos, como irão constatar. Viva a Madeira!

Convívio em casa da Mercês e do Zé Gregório

Logo no dia seguinte à nossa chegada, a Mercês e o Zé Gregório prepararam um jantar na sua casa, convidando também os nossos amigos Maria José e José António, Edite e Fernando, e naturalmente minha irmã Conceição, o Florentino e o Fábio, seu neto. Mais tarde, chegaram o filho dos nossos anfitriões, o Vítor Hugo, e a Fabíola, sua namorada.
Sempre que vamos à Madeira, estes nossos amigos são os primeiros a organizarem o convívio que dá lugar a outros e a passeios e piqueniques pela ilha.
A Mercês e o Zé prepararam-nos vários petiscos para entrada, refrescos e vinho alentejano do Redondo, e uma feijoada regional, como prato principal, que estava uma delícia. Não resisto a deixar aqui a receita de um paté de atum, feito com um toque pessoal da Mercês, que foi por todos muito apreciado. É assim: Duas colheres de sopa de maionese; dois iogurtes naturais ou, em alternativa, queijo fresco; uma lata de atum de conserva (385 g); dois dentes de alho picado; um raminho de salsa picada; delícias do mar; pão ralado; e «ketchup», conforme o gosto e para dar cor. Mistura-se tudo na trituradora até ficar no ponto de barrar nas minitostas ou no pão torrado. Adiciona-se, se necessário, mais pão ralado ou maionese para fazer o ponto. Uma delícia!
A amizade e convivênvia pessoal que une as nossas duas famílias é muito antiga e tem raízes ancestrais. Ligou os nossos pais na juventude e pela vida fora, com tratamento de compadres, principalmente durante as agruras da Segunda Guerra Mundial, quando nascemos. Sem emprego, muitos homens emparceiraram, para fugir à fome, no «desbastamento» ilegal de espécies verdes da flora da serra (diziam, simplesmente, «ir à lenha, aos louros», ainda não se falava em «laurissilva», bom motivo de estudo para antropólogos e historiadores esta época) para vender combustível lenhoso às fábricas de moagem a vapor dos ingleses, para alimentar as caldeiras, que não recebiam do estrangeiro carvão-de-pedra. A fraternidade que nos une, cimentada pelos anos de relacionamento na meninice e juventude, primeiro na Madeira e depois no Continente, pode dizer-se, com toda a propriedade do termo, que é familiar e permanente ao longo de três gerações, caminhando para a quarta.
Foi pouco depois de virmos para o Continente – a mana Ana veio no mesmo barco da Rosa, para estudar – que a Mercês veio tirar o curso de enfermeira-parteira em Lisboa, em 1970, e o Zé esteve por aqui na tropa, frequentando naturalmente a nossa casa como se irmãos fôssemos. Depois, vieram a Ana e o saudoso Mário, irmãos de ambos, a Gorete e o Dírio, e a Fernanda e o João Manuel, para trabalhar e estudar. Era uma alegria para nós termos, aos fins-de-semana, a casa cheia. Nas férias do Natal, do Carnaval e da Páscoa, por vezes vinham a Salomé e a Guida. Eram convívios que se estendiam pela noite adentro, até altas horas da madrugada, aquecidos pela muita fraternidade e por poncha, licores de café, tangerina e tintatum, e canja de galinha. As raparigas, na cozinha, dedicavam-se à feitura de bolos, malassadas e doces, ou na decoração da casa para a ocasião festiva. Os homens geralmente jogavam à bisca, à copa, ao dominó de cartas, enquanto elas não acabavam as suas tarefas e juntavam-se a nós. Depois, com a instalação domiciliária das várias famílias na periferia de Lisboa, e, mais recentemente, com a vinda de filhos e sobrinhos para estudar, os convívios variaram de sítio, juntando sempre muita gente, como no mês passado, nos anos do Paulo, e no princípio de Agosto, no Cacém, nos anos da Ana.
Viva a nossa Amizade! Viva a Fraternidade!

NOTA: As fotos deste convívio vão chegar mais tarde. O Vítor Hugo está de férias no Porto Santo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Encontro de velhos amigos na Ramboia


Na terça-feira, 7, a meio da manhã, telefonou-me o Dírio, dizendo que iria buscar-nos para um passeio e almoçarmos uma caldeira de ventrecha de atum, que a Urânia estava a preparar. Uma hora depois, íamos no seu automóvel a caminho do Caniço, quando dei-lhe a conhecer que o Capelo também estava na Madeira com a Maria Eugénia. Logo passou-me o telemóvel para procurar o número do nosso amigo. «Telefona-lhe e diz-lhe que vamos almoçar todos», disse-me. O Capelo estava numa repartição pública a tratar de um assunto familiar. Aprazamos para nos encontrarmos às 13 horas, junto das Minas Gerais. A seguir, com atenção na condução, mandou-me telefonar à Urânia para avisar que levava mais duas pessoas, que acrescentasse água ao tacho. Já no Caniço de Baixo, o Dírio passeou-nos pela zona dos hotéis e das vivendas num dos seus entretenimentos: ver casas, sem sair do carro, criticando-as, positiva ou negativamente. O Dírio, amigo de longos anos, sempre gostou de ter os amigos por perto. Por isso, insiste connosco, e encontra algum eco na Rosinha, para que vendamos a casa em Almada e voltemos a viver na Madeira. Levou-nos, inclusivamente, a ver da estrada várias casas, segundo ele, boas e com preços em conta, dentro do Funchal e na Ramboia, perto da sua casa. Acontece que, se o tempo está bom para comprar, está mau para vender, e gosto de viver em Almada. Finalmente, voltámos ao Funchal para apanhar a Maria Eugénia, na Avenida do Infante. O Capelo iria encontrar-se connosco na Ramboia.
A Urânia, sempre bem-disposta e agradável, recebeu-nos cordialmente, como sempre. Já tinha a caldeira pronta, a descansar, e a mesa posta com elegância. Almoçámos a gostosa caldeira de ventrecha de atum com batata-doce assada, entre copos de bom vinho e conversa agradável. Depois, satisfeito um compromisso político do Dírio, fomos a Câmara de Lobos para o café, acabando por tomar uma poncha e passear no cais da vila.
Sob proposta do Dírio, voltámos novamente a se encontrar, na sua casa, na quinta-feira, desta vez para, à noite, revermos o comum amigo José Manuel Melim Mendes, que chegou nesse dia à Madeira, vindo de Lisboa.
À volta da mesa, saboreando agora um delicioso arroz de polvo, feito pela Urânia, acompanhado de vinho bom, passámos uma noite muito aprazível em amena conversa com este amigo, possuidor de vasta cultura e cativante poder de comunicação, que agradavelmente prendeu a atenção de todos.
Foi um bom momento de convívio fraterno entre amigos que não se viam há muito. Espero que encontros destes se repitam mais vezes, na Madeira ou no Continente.
A propósito. Ao princípio da tarde do dia em que alinhavo esta postagem, domingo, 2 de Agosto, chegaram a Lisboa a Urânia e o Dírio, para férias e tratar de compromissos. Acabavam de sair do avião quando lhes telefonei. Iam para Azeitão. Vamos se encontrar um dia destes. Boas férias!
Vejam fotos aqui, façam «download», colocando os caracteres e é só abrir.

O Povo gosta...


No dia 8 de Julho, depois do almoço, com o Zé e a Mercês, fomos a Machico, onde passeámos e nos sentámos na esplanada da praia de areia amarela calcária, que lá fizeram, ao lado da praia natural de cascalho rolado basáltico, e que, como a praia da Calheta, estão na moda na Madeira.
Areia amarela importada do Continente e de Marrocos, carregada em muitos navios e que custou e continuará a custar fortunas com a reposição de areia que tem de ser feita periodicamente. A areia de Marrocos até trouxe uns bicharocos, escorpiões, entre outros, segundo disseram na altura os jornais. O que lhes terá acontecido?
«Por que não escavaram areia preta do calhau ou do mar de Machico e da Calheta para a espalhar sobre o cascalho? Ao menos era natural da região e não era estranha ao ambiente local», questionei a várias pessoas. Tive como resposta que «o povo gosta é de areia amarela» e que «os políticos ganham votos agradando ao povo». Qualquer dia, aparece um político que se lembra de implantar relva geneticamente manipulada ou sintética numa praia de areia amarela madeirense — o povo também gosta de se deitar na relva verdinha e o verde até fica bem sobre o amarelo — porque tem de agradar ao povo...
Antigamente havia na rádio e na TV um anúncio que dizia mais ou menos assim: «Um preto de cabelo loiro e um branco de carapinha…» Lembram-se? Era feito pelo saudoso actor Óscar Acúrcio, se não me engano. O povo gosta de tanta coisa — pão, diga-se emprego, saúde, habitação — como canta o Sérgio Godinho, e não lhe dão... Só promessas ou areia, desta feita para os olhos verem. «Ah povo enganado!», como dizia o também saudoso padre Jorge.

Espetada de carne com osso


Foi na sexta-feira, 10 de Julho, que fomos jantar a casa dos amigos Edite e Fernando, onde, com a Mercês, o Zé, a Conceição e o Florentino, todos fomos recebidos com as demonstrações de alegria e amizade de sempre dos anfitriões e do filho João, também de férias na Madeira.
A Edite e o Fernando prepararam-nos um apetitoso petisco de ventrecha de atum cozido com molho de escabeche, para abrir, a que se seguiu uma suculenta espetada de carne com osso, especialidade que entrou em uso na Madeira, há poucos anos, bem acompanhada de saborosas semilhas, batatas-doces assadas e salada mista de alface. O vinho, alentejano corrente do Redondo, que havia recomendado ao Fernando dias antes, corria espumoso para os copos com um aperto de «orelhas». À sobremesa, passei ao lado do irresistível bolo-de-bolacha, devido aos meus diabetes, ficando-me pela fruta.
Já sabíamos, por experiência noutros pratos, que a carne junto do osso era mais saborosa. Espanta-me que só tão tardiamente tenham descoberto esta forma de cortar a carne de espetada, que veio enriquecer a gastronomia madeirense. Mas, como diz o povo, nunca é tarde... E o Fernando, bom garfo, adoptou-a, assando-a muito bem. É uma delícia!
Durante a conversa disse aos meus amigos que tanto eu como a Rosinha não conhecíamos o Rabaçal. O Fernando imediatamente convidou-nos para um passeio até lá e às 25 Fontes. Ficou combinado para o dia 18, um sábado.
Até lá amigos, e obrigado por mais uma vez nos terem recebido na vossa bela casa, de onde se tem uma das mais belas panorâmicas do Funchal, tanto de dia como de noite. Abraços!
Vejam as fotos aqui, fazendo «download» e pondo os quatro caracteres pedidos. Depois é só abrir.

domingo, 9 de agosto de 2009

Miradouro da Boca das Voltas, São Jorge


Minha irmã Conceição já nos tinha apresentado um casal amigo – Lino Figueira, industrial na área das instalações de gás e painéis solares, e a esposa, Rubina, enfermeira, aposentada – dois amantes da serra madeirense e do Continente, que conhecem bem, que nos convidaram para um piquenique em São Jorge, no concelho de Santana, onde, nas suas deambulações de jipe, tinham descoberto um sítio ideal para uma espetada, com linda vista panorâmica sobre as povoações vizinhas – o Miradouro da Boca das Voltas.
Aceite o convite, no sábado, dia 11, cerca das 9 horas, chegaram o amigo Lino e a esposa em dois carros: um confortável Citroën C5, preto, com ar condicionado e dispositivo para levantar e baixar a carroceria, e um Land Rover, todo-o terreno, com duas caixas frigoríficas atrás, onde já seguia a carne que o Lino e o Florentino, entretanto, haviam comprado, bebidas, água, grelhas de ferro e um molho de retorcidas parreiras secas para o braseiro. Feitos os cumprimentos, o amigo Lino, pessoa muito alegre e expansiva, convidou-me, piscando o olho, maroteiramente, para irmos no jipe os três. A esposa imediatamente interveio, sugerindo que eu fosse no carro dela, que viajaria mais confortavelmente, que no jipe iria apertado. Perante estes argumentos fortes, não hesitei. Entrei no automóvel, onde, atrás, seguiam a Rosinha, minha irmã, e a Joana sua neta.
Arrancámos para o Monte, onde subimos para o Terreiro da Luta e dali para a serra. A determinada altura do percurso, estivemos no Pico Alto (1129 m), de onde se tem uma vista admirável sobre todo o Funchal e existe uma rampa de largada de pára-pente. Seguimos depois, com várias paragens para «molhar» as goelas, para o Ribeiro Frio, São Roque do Faial, Faial, Santana e São Jorge. Nesta última freguesia, pouco antes das Cabanas, saímos da estrada principal para tomar um caminho agrícola, à esquerda, onde deixámos o Citroën e saltámos para o Land Rover, subindo depois por uma azinhaga, cheia de buracos e grandes sulcos provocados pelas chuvas. Iam três pessoas à frente e quatro atrás, estas apertadas pela lenha, os espetos de louro e o material de apoio, mal sentadas e inseguras, rindo e gemendo com os solavancos nos buracos e nos sulcos do caminho. Ao fim de 20 «penosos» minutos, chegámos ao Miradouro da Boca das Voltas. Nunca eu ou a Rosinha tínhamos andado de «Land Rover». Foi uma aventura divertida, inesquecível!
Apesar do tempo não estar totalmente descoberto quando chegámos, melhorou gradualmente, acabando por fazer sol. A paisagem do local é na verdade formidável. Do lado esquerdo do miradouro, num vale densamente arborizado, fica o sítio da Falca; à frente, primeiro São Jorge e depois, também à esquerda, Boaventura, e mais longe, junto do mar, Ponta Delgada.
Iniciámos o «piquenique» com uma sardinhada e salada de alface e tomate, a que se seguiu uma espetada de saborosa carne de vaca, tudo bem regado de vinho alentejano. No final, empaturrado e com sono, pedi licença e dormi uma soneca em cima de uma mesa de cimento próxima, porque as ervas não são cama de confiança. Quando acordei, estavam a conversar com um simpático pastor do Faial, que andava a passear pela zona sozinho. Pouco depois, já aliviados de grande parte da lenha que antes atrapalhara, descemos. Foi mais suave e mais vagarosa a descida. Não havia que acelerar, como na subida.
Passámos os cinco para o cómodo Citroën. Seguimos para o Miradouro das Cabanas, Arco de São Jorge, Ribeira Funda, Fajã do Penedo, Boaventura, Ponta Delgada e São Vicente, com várias paragens, onde admirámos várias paisagens. No Seixal, visitámos a zona agrícola do Parque Natural, seguindo depois para São Vicente, Rosário, Ribeira Brava, onde fomos à poncha, e seguimos directos na via rápida para o Funchal.
Ao amigo Lino e a sua esposa, os nossos agradecimentos pelo passeio e pela aventura!
Vejam aqui as fotos, fazendo «download» e escrevendo os quatro caracteres. Depois é só abrir.

sábado, 8 de agosto de 2009

Passeio molhado pela Costa Norte


Na segunda-feira, 13, depois do almoço, a Fernanda e o João Manuel, ele meu condiscípulo e amigo de longa data, ela da minha idade e amiga da minha criação, filha dos compadres dos meus pais, foram buscar-nos para um passeio. Com eles estava a amiga Celina, já minha conhecida dos jantares madeirenses em Lisboa, que também se encontrava de férias na Madeira.
Encaminhámo-nos, com bom tempo, para o Caniço, Santa Cruz e Machico. Subimos, já debaixo de chuva, para a Portela, Porto da Cruz, Santana, Faial, São Jorge, Arco e São Jorge e Boaventura, onde, no Miradouro de São Cristóvão, sob chuva intensa, tirámos uma foto, e entrámos no estabelecimento local para as senhoras tomarem chá e eu e o João Manuel uma «imperial» cada. Ainda não tinha chovido na nossa estada. Como se sabe, o tempo na costa Norte da Madeira é incerto, mais chuvoso. Paciência, não havia nada a fazer!
De Boaventura seguimos, para Ponta Delgada, São Vicente, Rosário, Ribeira Brava, onde esteou, Ponta do Sol, povoação que, a fazer jus ao nome, tinha sol no mar e em terra, e Calheta, onde, à entrada da vila, visitámos o Engenho da Aguardente, onde entrei pela primeira vez. Feitas compras – ali vendem-se aguardentes, bolos e mel –, bebidas duas aguardentinhas, de quinze e trinta anos, e visitámos as instalações, onde estava patente uma exposição fotográfica da laboração do engenho, que actualmente é sazonal, apenas dois meses por ano, antes ou depois da Páscoa.
Deslocamo-nos depois ao Centro das Artes Casa das Mudas, que infelizmente se encontrava encerrado, onde tirámos fotografias e de onde se tem uma panorâmica da vila da Calheta.
Finalmente, deslocamo-nos para o Caniço, onde a Fernanda e o João nos ofereceram um esmerado jantar. Reparem no requinte da sobremesa... É mesmo à João Manuel!
Aos dois, o nosso obrigado pelas gentilezas.
Vejam as fotos aqui, fazendo «download» e pondo os caracteres de segurança. Depois é só abrir.

Cavalas com molho-de-vilão e o «Pé-de-Cabra»


Como ficara combinado entre nós, durante o anterior passeio, fomos a casa dos amigos Lino e Rubina, na terça-feira, almoçar milho cozido e cavalas com molho-de-vilão. O milho cozido, feito pela empregada do casal, estava muito saboroso e macio. As cavalas com molho-de-vilão, feitas por mim, chegaram ainda fumegantes e a exalar o cheiro a orégãos do molho. O vinho era uma «pomada» de dar estalo.
Para além do casal Lino e de nós os quatro, eu, a Rosinha, minha irmã e o Florentino, também almoçaram a empregada e dois filhos dos anfitriões, um jovem casal muito simpático que mais tarde teve de ausentar-se.
Depois do almoço, fomos tomar café ao Largo das Babosas e passear até ao Largo da Fonte, de onde subimos à igreja do Monte.
No dia seguinte, foi a vez de o casal Lino vir jantar connosco rancho à minhota, que o nosso amigo gosta e não comia desde os tempos da tropa. Ficou muito bom. Para quem quiser experimentar, aqui vai o endereço da receita do site «Gastronomias».
Na segunda-feira, dia 20, à tarde, o amigo Lino levou-nos a passear a Câmara de Lobos, onde as senhoras tomaram «niquita» e os homens «imperial» com tremoços e amendoins. Depois, desafiou-nos para um «pé-de-cabra», na Lombada, em São Martinho, onde, numa antiga mercearia com uma pequena esplanada, está um dos bares mais rendíveis da Madeira, com esta especialidade. Já lá tínhamos estado, dias antes, levados por ele, eu e o Florentino, a tomar aquela bebida cremosa feita com pó de chocolate – muito pouca quantidade –, açúcar, cerveja preta, vinho abafado, limão e gelo, tudo batido muito bem com a varinha mágica ou no copo da trituradora. Bebe-se – com cuidado, a partir de três começa a «trepar» –, acompanhado de muitos amendoins e tremoços, cuja combinação é perfeita. É uma delícia. Experimentem!
Vejam aqui, em bares, a foto e o anúncio da casa. Se lá forem, dêm cumprimentos meus ao senhor Carlos e digam que vão da minha parte ou do senhor Lino. Vão ver o sorriso com que serão recebidos e servidos!

Pintura a óleo do Ivo


O Ivo é um pintor, autodidacta, que pinta lindos quadros e os oferece aos amigos, como nós, que lhe fomos dar um abraço e entregar outro da Manuela, sua cunhada e nossa vizinha do prédio e amiga. Dados os abraços, o amigo Ivo saltou para cima de um banco e de uma parede da sua loja de ervanária – Ervanária do Bom Pastor, na Rua do Anadia –, tirou um dos quadro expostos, autografou-o, «Oferta aos meus Amigos José Luís e esposa», embalou-o e com a genuína expontaneidade com que sempre o conhecemos, desde há cinquenta anos, deu-nos, dizendo: «Este é para vocês levarem.» Fiquei sem palavras, pela inesperada oferta. Obrigado, amigo Ivo!
A obra, a óleo, com as dimensões de 80 x 46 cm, retrata o movimentado Largo do Phelps e a Sé do Funchal, vistos do Bazar do Povo, na Rua dos Ferreiros. É lindo! Tem uma textura e cores formidáveis!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Rabaçal, o Risco e as 25 Fontes




Genuínos apreciadores das belezas naturais da nossa ilha, os caminheiros estrangeiros que há mais de um século visitam a Madeira colocaram-na nos mapas naturistas e turísticos mundiais. Pode dizer-se igualmente que foram eles, principalmente os ingleses, que descobriram as belezas da Madeira e lhes deram valor nas suas deambulações solitárias pelas levadas, veredas e caminhos rurais da ilha, divulgando depois essas belezas através de pinturas, litografias, postais, fotografias e documentários cinematográficos que facilmente hoje encontramos na internet. Ainda nos anos 50 do século passado eram encarados como pessoas excêntricas, amalucadas, os turistas que a pé calcorreavam os picos e subiam ou desciam os vales com as mochilas às costas, bem agasalhados, botas grossas e bordões nas mãos, ou de chapéu de palha, peito ao léu, calções e de sandálias. À parte os pastores, lenhadores, camponeses, grupos escotistas e de estudantes do secundário, poucos citadinos caminhavam pelos trilhos e levadas que serpenteiam a serra madeirense. Faziam-se excursões de camioneta para ir à «neve», quando caía muito granizo na serra, acima do Poiso ou no Areeiro, e ao Chão dos Louros, Prazeres, Queimadas e outros aprazíveis lugares do «campo», no Verão. De resto, só com o desenvolvimento económico e cultural dos anos 60 e, sobretudo, com a expansão do automóvel nos anos 70, os citadinos começaram a subir à serra mais vezes, aparecendo então grupos da elite funchalense e jovens estudantes a defenderem a natureza, e famílias a fazerem os piqueniques com as novas condições então criadas. Mas, a percorrer veredas e levadas, como prática naturista, creio que ainda hoje são turistas estrangeiros a maioria dos caminheiros que se atravem a tais aventuras durante todo o ano. Tive agora conhecimento, através da net, da existência do Club Pés Livres, que organiza regularmente caminhadas. Excelente. Vejam o seu blogue aqui.
Tinha uns 6 ou 7 anos e andava na Escola do Caseiro (1950/51), quando fui aos Tornos, integrado num grupo de miúdos levados pelo padre Mário, italiano do Seminário dos Missionários, que «paroquiava» a zona. Estavam então a fazer-se os primeiros trabalhos de captação de água no furado dos Tornos. Mais tarde, quis voltar lá, quando tinha 15 anos e namorava com a Rosinha, mas não passámos da ponte da ribeira. As raparigas tiveram medo de atravessá-la, porque haviam desmanchado os muros da ponte para dar espaço à passagem de jipes e não voltaram a refazê-los.
Sabedores de que a Rosinha e eu não conhecíamos o Rabaçal – só tinha visto fotos e litografias – os casais Edite-Fernando e Mercês-Zé Gregório organizaram um passeio, no sábado, 18, ao Paul da Serra, de onde se desce para a casa do Rabaçal e dali para as famosas fontes. Também foram a Gorete, o Vítor Hugo, filho da Mercês e do Zé, e a Fabíola, sua namorada.
O grupo partiu, ao princípio da manhã, do Livramento, no novíssimo automóvel do Fernando, um Audi A3, e no Micra da Mercês. Na esplanada da praia da Ribeira Brava tomámos café e na subida para a Encumeada bebemos poncha e tirámos fotos. Já no alto, nos Vinháticos, voltámos a parar para apreciar a paisagem e fotografar. Mais adiante, no caminho do Paul da Serra, parámos, desta feita para fotos da deslumbrante mancha de laurissilva e do nevoeiro branco que dela se desprendia, subindo a montanha, formando um mar de nuvens imaculado abaixo do Pico do Areeiro, ali tão perto, à nossa frente.
No planalto do Paul da Serra, mais propriamente no Bico da Cana, parámos para almoçar, que o ar da serra dá fome. Um guisado de carne da alcatra, com legumes e caldo saborosos, e arroz branco, que a Edite e o Fernando haviam preparado e que ainda fumegava, vinho tinto que eu distribuía, e pão e fruta que a Mercês se encarregava que não nos faltasse. No final, alegres e bem-dispostos, fomos tomar café, mais adiante uns dois quilómetros, perto do local de onde se desce para o Rabaçal, a 1290 metros de altitude.
Chegada uma das duas carrinhas Ford Transit da empresa municipal Solcalheta, que constantemente fazem a travessia, comprados os bilhetes de ida e volta por cinco euros cada passageiro, lá descemos para a Casa do Rabaçal, a 1160 metros de altitude, durante vinte minutos, por um caminho que serpenteia o vale com muitas ravinas.
Já na Casa do Rabaçal, onde um grupo de turistas aguardava para subir, seguimos a tabuleta que indicava o percurso de 1,2 quilómetros para o Risco, a 1000 metros de altitude, descendo por degraus feitos de terra, pedras e troncos, algo incómodos para «cotas», e seguindo depois por uma linda vereda ladeada dos dois lados por densa floresta e por uma levada, à direita, alimentada por água que escorria da barreira, à direita, e das folhas das plantas de laurissilva. Finalmente chegámos ao Risco. O famoso Risco é uma queda de água que desce da lagoa de Ana Beja, a uns 70 metros acima, para a lagoa do Vento, a meio, e desta para um ribeiro que dá curso à água. Existe no local um largo amurado de bancos e, perto, um túnel que está fechado por um gradeamento, talvez por motivo de segurança.
Devido ao cansaço que sentia no coração, onde já estão alojados dois «stents», talvez provocado pelo ar rarefeito, menos denso, da altitude, que me fazia atrasar em relação aos companheiros, como precaução e acordo de todos, fiquei-me, com grande pena, pelo Risco. Eles lá continuaram e abaixo está o «link» para poderem ver as fotos da aventura de mais 2,5 quilómetros a descer para a altitude de 970 metros e depois subir.
Passado algum tempo, depois de um telefonema ao Fernando, a comunicar que iria voltar para trás, devagarinho, comecei a subir para a Casa do Rabaçal. Mantive-me por ali perto, a apreciar os pássaros, já habituados à presença humana, e depois meti conversa com o vigilante do Rabaçal. Foi ele que me indicou o bisbis, o papinha ou papinho, o tintilhão, este último muito social, aproxima-se das pessoas, e, segundo o vigilante, pela manhã, é capaz de vir comer à mão. Entretanto, os nossos conhecidos melros, desconfiados, valendo-se do tamanho, roubavam comida aos outros pássaros, que fugiam… Foi ainda o vigilante quem me disse das suas funções no Rabaçal e das obras que estavam a decorrer no interior da casa, agora deserta, onde, normalmente, pelo preço simbólico de dez euros cada, se pode pernoitar em quartos de três camas e utilizar a cozinha e a sala colectivas. Falámos ainda sobre o já famoso teleférico que o Governo Regional e a autarquia calhetense querem construir do Paul da Serra para o Rabaçal, o Risco e as 25 Fontes.
Já agora, quero confidenciar-lhes uma coisa que me veio à lembrança, enquanto esperava: há tempos, assinei, na internet, uma petição contra a construção deste teleférico. Hoje, tendo experimentado as dificuldades da descida ao Rabaçal e ao Risco, não assinaria o abaixo-assinado. Entendo que, em comparação com o impacte ambiental e a intromissão na vida privada dos quintais dos moradores por onde passa o teleférico do Monte, o impacte ambiental no Rabaçal será insignificante. Como é o do Jardim Botânico-Babosas. Quanto à floresta de laurissilva, ela não se «queixará», porque é grande, de lhe tirarem os metros quadrados de terreno necesssários para as torres e as estações, que acabará mais tarde por «abraçar», ou dos cabos e das cabinas lá no alto. Pelo contrário, será mais bem apreciada esta jóia da Calheta que quis ser património mundial. Não lhe façam outros males maiores. As belezas do Rabaçal, do Risco e das 25 Fontes devem ser conhecidas da população mundial, em conformidade com o estatuto que alcançaram da UNESCO. Todos têm o direito de as admirar, caminhando, ou, tendo patologias que não o permitam ou por outra razão de locomoção, vê-las, sentados, dentro de cabinas, desde que sejam protegidas a frondosa floresta e a sua fauna, e não haja negociatas que procurem o lucro fácil. O egoísmo fundamentalista não tem em conta o interesse pela natureza de uma parte da população, os idosos e os doentes.
Ao fim de duas horas e meia, eis que os meus companheiros foram aparecendo aos poucos. Cansados e de respiração ofegante, naturalmente. Segundo a Rosinha, afogueada, eram lindas as 25 Fontes, tinha gostado muito, mas não era para repetir a aventura… Na próxima carrinha, subimos ao Paul da Serra, onde começava a chover.
Seguimos para a Santa e para o Porto do Moniz, com melhoria do tempo, Ribeira da Janela, onde lanchámos e brincámos, e depois, com poucas paragens, para o Seixal, São Vicente, Rosário, onde atravessámos o túnel, já em velocidade de cruzeiro, para a Serra d’Água e Ribeira Brava, e nos dirigimos, rapidamente, para o Funchal.
Aos nossos grandes amigos, os nossos agradecimentos pelo prazer que nos deram de conhecermos as belezas que não conhecíamos e pelo divertimento e a aventura que tivemos. Abraços!
Para verem as fotos do passeio entrem aqui, coloquem os caracteres e façam download.


São João tardio no Lombo


Sermos convidados do casal Maria José-José António Figueira é uma honra que eu e a Rosinha temos recebido, há vários anos, durante as nossas estadas na Madeira. Mais uma vez, este ano, nós e um grupo de amigos comuns fomos acolhidos por eles e pelo filho Marco na sua residência, no Lombo – de onde se tem uma das mais belas vistas sobre o Funchal e a baía –, no passado dia 21, com a permanente simpatia e singeleza no trato naturais nesta família.
À chegada, a Maria José e o José António deram a conhecer aos amigos as novas obras de alteração efectuadas no interior e no exterior da sua casa, onde estão bem patentes o engenho e o conforto acolhedor da nova arquitectura, a boa qualidade dos materiais e da mão-de-obra, e, essencialmente, o bom-gosto do casal na concretização de um sonho antigo.
A seguir, já servidos de um tinto Quinta da Bacalhoa de grande qualidade, o amigo José António levou-nos a percorrer a sua bem cuidada horta, onde crescem tenerifas (abóboras, para quem não saiba), ervas de cheiro e lindas alfaces, entre outros produtos naturais.
No quintal, onde prevalecem na boa vida de cão o velho e cansado «Vilarinho» e a jovem e irrequieta «Sueca», brincava com os animais e a avó materna o pequenito Pedro, neto dos donos da casa, enquanto o Marco, pai do pequenito, tratava do braseiro num bem estudado e funcional «barbecue», e o José António assava sardinhas e servia-nos, porque não queria que nos faltasse nada. Entretanto, vinda do emprego, chegou a esposa do Marco e mãe do Pedro, que a todos cumprimentou com simpatia.
Entretanto, ouviu-se música clássica, dançou-se ao som de boa música moderna, tiraram-se fotos, conversou-se, bebeu-se bastante e comeu-se melhor de umas ricas sardinhas assadas e de um atum do São João divinal, com o acompanhamento regional das semilhas, das batatas cozidas, do feijão, da cebola cozida, da abóbora-menina e da popular e tenra pimpinela da horta caseira.
Vejam aqui as fotos do convívio.
Ao casal Maria José-José António, mais uma vez os nossos agradecimentos, com votos de muita saúde e felicidade, extensíveis a toda a família.

Convívios familiares e com amigos

Poucos dias depois de ter chegado à Madeira, participámos num convívio familiar em casa do irmão da Rosinha, o José Manuel, onde a esposa, Manuela, e as nossas sobrinhas Nélia e Telma, e o marido desta última, Nélio, nos brindaram com um delicioso churrasco de carnes.
Lá estava o pequeno Daniel, filho da Telma, e ficámos a conhecer, a Ana, filha da Nélia e do Jorge, uma bebé de 2 anos, muito espertalhona e amiga do avô, a quem despendia carinhos sem fim.
Igualmente, no domingo, dia 19, fizemos um churrasco em casa de minha irmã Conceição. Os assadores de serviço foram o Florentino e o Caetano, marido da Dina, minha sobrinha, e estiveram também presentes o casal Lino, a Susana, outra sobrinha, e os filhos desta, a Joana e o Pedro, e o Fábio, neto do Florentino.
Várias vezes também, por convites na hora, almoçámos e jantámos com o casal Zé- Mercês, tanto em casa deles como em casa da Conceição.
Ainda com o Dírio e a Urânia fomos, um dia à noite, a Câmara de Lobos, onde nos brindaram com uma saborosa espetada num restaurante do Caminho do Pico.
Foram momentos que nos sensibilizaram muito e que agradecemos. Incompreensivelmente, não tenho fotos dos convívios com estes familiares e amigos. A todos e a todas, as minhas desculpas.

São João tardio no Lombo


Sermos convidados do casal Maria José-José António Figueira é uma honra que eu e a Rosinha temos recebido, há vários anos, durante as nossas estadas na Madeira. Mais uma vez, este ano, nós e um grupo de amigos comuns fomos acolhidos por eles e pelo filho Marco na sua residência, no Lombo – de onde se tem uma das mais belas vistas sobre o Funchal e a baía –, no passado dia 21, com a permanente simpatia e singeleza no trato naturais nesta família.
À chegada, a Maria José e o José António deram a conhecer aos amigos as novas obras de alteração efectuadas no interior e no exterior da sua casa, onde estão bem patentes o engenho e o conforto acolhedor da nova arquitectura, a boa qualidade dos materiais e da mão-de-obra, e, essencialmente, o bom-gosto do casal na concretização de um sonho antigo.
A seguir, já servidos de um tinto Quinta da Bacalhoa de grande qualidade, o amigo José António levou-nos a percorrer a sua bem cuidada horta, onde crescem tenerifas (abóboras, para quem não saiba), ervas de cheiro e lindas alfaces, entre outros produtos naturais.
No quintal, onde prevalecem na boa vida de cão o velho e cansado «Vilarinho» e a jovem e irrequieta «Sueca», brincava com os animais e a avó materna o pequenito Pedro, neto dos donos da casa, enquanto o Marco, pai do pequenito, tratava do braseiro num bem estudado e funcional «barbecue», e o José António assava sardinhas e servia-nos, porque não queria que nos faltasse nada. Entretanto, vinda do emprego, chegou a esposa do Marco e mãe do Pedro, que a todos cumprimentou com simpatia.
Entretanto, ouviu-se música clássica, dançou-se ao som de boa música moderna, tiraram-se fotos, conversou-se, bebeu-se bastante e comeu-se melhor de umas ricas sardinhas assadas e de um atum do São João divinal, com o acompanhamento regional das semilhas, das batatas cozidas, do feijão, da cebola cozida, da abóbora-menina e da popular e tenra pimpinela da horta caseira.
Vejam aqui as fotos do convívio.
Ao casal Maria José-José António, mais uma vez os nossos agradecimentos, com votos de muita saúde e felicidade, extensíveis a toda a família.

sábado, 1 de agosto de 2009

Com o Zé Eduardo, na Levada do Cavalo

O Zé Eduardo foi o companheiro de escola e de profissão que, certo dia, há quarenta e um anos, estando nós a trabalhar no «Jornal da Madeira», me desafiou, segredando, a vir com ele trabalhar no jornal «O Século», que na altura precisava de compositores mecânicos. Olhei para ele, incrédulo… Oito dias depois, deixando o coração e a Rosinha na Madeira, desembarcava do paquete «Funchal» em Lisboa. Corria o mês de Junho de 1968.
Trabalhámos juntos no «Século», «Diário da Manhã» e na «Capital». Juntos também participámos, nas lutas sindicais contra as direcções dos sindicatos fascistas, no Sindicato dos Gráficos, e em reuniões clandestinas que já se faziam em 1969 e que foram embrião da CGTP, e militámos na Base FUT, organização anarco sindicalista dirigida por sindicalistas e militantes ligados à Igreja Católica, onde o Padre Jardim era uma das figuras tutelares. Nunca virou a cara a uma boa discussão política, como eu. Eram renhidas e intermináveis as discussões que se faziam sobre a guerra colonial e outras políticas com os amigos estudantes, como o Dírio, e tropas, como o Zé Gregório, que passavam o fim-de-semana cá em casa com as namoradas, a Gorete e a Mercês. Depois do 25 de Abril, com a Revolução e a oferta política, cada um foi para o seu lado. Eu para a política partidária maoísta, ele continuou anarca como sempre.
Hoje, também reformado, vive na Madeira com a sua Luísa, rodeado de animais, árvores de fruto e constantes projectos, na propriedade de 3000 metros quadrados que herdaram da família dela, na Levada do Cavalo. Um dia destes telefonou-me, pensando que eu estaria em Almada, para lhe arranjar informação da internet sobre a cultura do melão e da melancia. Há um ano, foi sobre as curgetes, mas, parece, não teve êxito a experiência. Agora, com o melão e a melancia, diz que vai ter de meter cal na terra, porque estas culturas precisam de terrenos calcários. É um sonhador este Eduardo… Deixou de fumar e de beber álcool há pouco. Só cerveja sem álcool. Aguenta-te Eduardo… Força. Mais um abraço!


Apostila – Recebi hoje, dia 28 de Outubro, a triste e inesperada notícia do falecimento do Zé Eduardo, vítima de um fulminante tumor. Se, em Julho, já estava doente, não deveria saber a gravidade do mal que tinha, porque os planos eram muitos, e a Luísa nada nos disse num telefonema que fizemos pouco depois. Faleceu um lutador, um idealista. Honra à sua memória! À Luísa e aos filhos, sentidos pêsames! Até um dia, Eduardo!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Homem em Pé

Na antevéspera da nossa saída da Madeira, minha irmã comunicou-nos que a amiga Rubina nos propunha um passeio no dia seguinte, à tarde, se estivéssemos disponíveis. Como não tínhamos compromissos, aceitámos com todo o prazer, e na quarta-feira, depois do almoço, lá chegou a amiga Rubina com o seu confortável Citroën e duas ideias: ou íamos ao Curral das Freiras ou a um sítio muito bonito que ela e o marido tinham descoberto nas suas andanças de jipe. Optámos pela segunda sugestão, já que conhecíamos a Eira do Serrado e o Curral das Freiras, e a nossa condutora garantia, com humor, que não andaríamos aos tombos dentro do carro, porque o caminho era bom.
Eis, então, que tomámos, mais uma vez, a via rápida para Leste, em direcção a Machico, Porto da Cruz, Faial, São Jorge e Santana, subindo, a determinada altura do trajecto, para o Miradouro da Cova da Roda, onde chegámos pelas 16 horas. A paisagem ali é indescritível, variando entre espécies da laurissilva e a ruralidade das terras do Faial. À esquerda, no mar, avista-se a Ponta de São Lourenço, debaixo da Penha de Águia. O Faial fica à nossa frente, ao longe, e as Cruzinhas, com as suas célebres e perigosas voltas, mais para a direita. Deste local, há um caminho para as Cruzinhas, e outro, também de terra batida e com sulcos das chuvas, para o Pico das Pedras.
Tiradas algumas fotos, retomámos a viagem, entrando, mais abaixo, na área do campo de futebol de Santana e do parque industrial, onde voltámos a subir para a serra, passando pouco depois pelas Queimadas e pelo Pico das Pedras, que há quatro anos conheceramos com a Mercês e o Zé Gregório. Mais acima uns dois ou três quilómetros de estrada sinuosa, parámos numa curva e saímos do automóvel por recomendação da nossa amiga. Conhecedora da paisagem que se estendia aos nossos pés, a Rubina, começou por apontar-nos, em baixo, à nossa frente, o Miradouro da Boca das Voltas, onde estivéramos no sábado passado, ao lado, à direita, as Cabanas, em São Jorge, o Arco de São Jorge e Boaventura, à esquerda, e insinuando-se, junto ao mar, na mesma direcção, mas longe, Ponta Delgada. Muito belo o panorama que dali se avista!
Apanhados, furtivamente, uns orégãos que estavam aos nossos pés, voltámos a subir mais umas centenas de metros na mesma estrada, desembocando, finalmente, num amplo largo, de terra vermelha muito fina, no alto da serra. Surpreendentemente, estava no famoso planalto da Achada do Teixeira que tantas vezes ouvira falar mas desconhecia onde se situava. Próximo, num ponto mais alto, existe um casarão do Governo Regional que dizem ser cedido aos «amigos». Na altura não havia amigalhaços e o aspecto do edifício não era convidativo. O tempo estava bom, ameno, sem vento, e o sol brilhava. Do largo, onde já estacionavam vários automóveis de turistas, parte a vereda para o Pico Ruivo (1861 m), que por sua vez faz ligação, também por vereda, ao Pico do Areeiro (1817 m). Caminhantes, de mochila às costas e bordão na mão, chegavam, suados e extenuados. Outros, frescos, partiam para o pico mais alto da Madeira. Eram novos e velhos e até crianças. Extraordinário!
Nós, guiados pela Rubina, entrámos por uma vereda junto da casa. Não andámos muito. Uns cinco minutos ou nem tanto. Deslumbramento! Do lado do Pico do Areeeiro, um mar de nuvens brancas pairava, abaixo dos nossos olhos, alimentado por vagas sucessivas de outras nuvens que subiam da floresta laurissilva do outro lado da montanha. Admirável, mas ao mesmo tempo misterioso, pela cadência com que o nevoeiro subia!
Rodámos para a esquerda e andámos mais umas dezenas de metros. Outra maravilhosa paisagem apresentava-se à nossa frente: a verdejante laurissilva, luxuriante nos seus cambiantes, espalhava-se amplamente pelas vertentes das montanhas vizinhas. Perto, uma formação de rochas basálticas sobressaía imponente de uma ravina, sugerindo-nos grotescas figuras surrealistas. Era o famigerado «Homem em Pé». Estava descoberta, finalmente, a tal «personagem» de pedra que ouvia falar associada às caminhadas do Areeiro ao Pico Ruivo. Formidável! (Descobri na net, posteriormente, que no local existem outras formações rochosas megalíticas, como «A Cara»).
Estávamos nesta admiração, quando finalmente o nevoeiro sobre o mar foi dissipando-se e a amiga Rubina nos chamou a atenção para a ilha do Porto Santo que, ao longe, ia saindo da bruma entre Santana e a Penha de Águia. Fantástico!
Na descida da serra, nas curvas da estrada, durante centenas de metros, ainda se avistou, claramente, a silhueta da «Ilha Dourada», onde se previa também estar sol. Espectacular!
À Rubina, que nos proporcionou tantas sensações e descobertas agradáveis numa tarde, o nosso obrigado!

domingo, 26 de julho de 2009

Adeus Madeira!

Chegou a hora da despedida, da nostalgia da saudade. De dizer adeus aos familiares, aos amigos e à Madeira, nossa bela e querida terra natal. Findaram dezanove dias inesquecíveis das mais intensas e aventurosas férias das nossas vidas. Na verdade, a intensidade dos dias foi tanta que muitos episódios ficarão por contar e milhares de imagens por captar. No entanto, eu e a Rosinha jamais poderemos esquecer a amizade dos velhos e novos amigos, que nos presentearam belos momentos de convívio e nos receberam nas suas casas e às suas mesas com todo o carinho e afeição. Nunca poderemos esquecer os piqueniques que fizemos nos mais encantadores e aprazíveis recantos da nossa terra e os passeios que nos proporcionaram ao redor da ilha, principalmente – pelo inesperado –, as aventuras passadas na subida de jipe ao Miradouro da Boca das Voltas e na descida ao Rabaçal, ao Risco e às 25 Fontes, esta última transformada num feito extraordinário para a Rosinha, já que eu, à cautela, me fiquei pelo Risco.
Beijos e abraços para a minha irmã Conceição e companheiro, Florentino, com os nossos agradecimentos pela hospitalidade da sua casa. Outros tantos aos meus cunhados, João Manuel/Manuela, à «boneca» Mercês e ao Zé Gregório, à «boneca» Edite e ao Fernando, à «boneca» Fernanda e ao João Manuel, ao Dírio e à sua companheira, Urânia, à Maria José e ao José António, e à Rubina e ao Lino, e respectivas famílias, como expressão da nossa gratidão pela simpatia sempre demonstrada por nós e pelos nossos familiares.
À nossa afilhada e comadre Gorete, que inesperadamente nos surpreendeu com a sua «bonequeira» alegria e descontraída presença na Madeira, um beijão.
Ao amigo Ivo, que pintou e nos ofereceu um lindo quadro da vista do Bazar do Povo para a torre da Sé, um abraço, extensível ao seu filho, cunhado e esposas.
À Dina, «terçol» de meu pai e nossa secretária familiar, ao Caetano, seu marido, à Susana e seus filhos, ao Fábio e demais familiares e amigos, beijos e abraços da Rosinha e meus.
A todos, cá vos espero nesta pequena e humilde casa. Até breve!

Almada, 26 de Agosto de 2009.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sines






Debaixo de muita chuva, partimos de Almada, no passado domingo, dia 28, cerca das 7.30. À entrada do Alentejo, pela Marateca, o tempo melhorou e o sol dava esperanças de um bom dia, que a Gorete alegremente saudava. Chegámos a Sines antes das 10 horas. Porque o tempo estava chuvoso, a cidade despertava lentamente e a praia Vasco da Gama, que se estende defronte do castelo ao longo da avenida marginal, apresentava-se linda, de águas calmas, o areal dum amarelo muito limpo, mas completamente deserta. Para fazer tempo para a abertura do castelo ao público e tomar café, sentámo-nos numa esplanada perto. Voltou a chover, mas rapidamente estiou. No Posto de Turismo recolhemos uns folhetos e mapas de divulgação da região e seguidamente entrámos no castelo, de onde se tem uma larga panorâmica do alto das muralhas sobre parte da cidade e sobre o porto de Sines.
O castelo é pequeno, mas com um amplo terreiro no interior, onde, na noite anterior, se realizara um festival de música. Na alcáçova, onde dizem nasceu o navegador Vasco da Gama, sendo seu pai Estêvão da Gama alcaide do castelo, funciona o Museu de Sines e a Casa de Vasco da Gama. Um pouco mais abaixo, encontra-se a estátua do navegador e, ao lado, no Largo do Muro da Praia, ergue-se a Igreja Matriz, que a Mercês, a Rosa e a Gorete visitaram, estando a celebrar-se a missa dominical.
Sobre a importância histórica, cultural, económica e política da cidade de Sines e sobre o seu porto, que se reclama líder no espaço nacional, encontram aqui muita informação.
Deixámos Sines por São Torpes, cuja praia se encontrava igualmente deserta de banhistas, estando, mais à frente, numa zona de forte rebentação, um grupo de surfistas a vaguear no mar, e, na praia, adolescentes de ambos os sexos recebiam aulas relacionadas com a actividade surfista. No céu, de vez em quando, o sol espreitava entre as nuvens...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Porto Covo e Ilha do Pessegueiro




Quem vá de Sines, a caminho de Vila Nova de Milfontes ou de Zambujeira do Mar, não pode deixar de passar em Porto Covo, antiga terra de pescadores de casas caiadas de azul e branco, que, há cerca de vinte anos, com a crise das pescas e o envelhecimento dos pescadores, se voltou para o turismo, alugando quartos e especializando a restauração da rua principal no bom peixe e marisco frescos, com a ajuda preciosa do poeta Carlos Tê e do cantor Rui Veloso, que na altura celebrizaram a cantiga «Porto Covo», baseada numa lenda local que dá conta de um «vizir» de Odemira/que por amor se matou novo/no lugar de Porto Covo. Oiça aqui: e veja belas imagens da vila aqui.
Da Praia Grande fomos à Praia dos Buizinhos, outrora famosa pelos búzios que ali se apanhavam, usados na feijoada daquele marisco, um dos pratos tradicionais da terra, e por fim à Praia do Pessegueiro, em frente da ilha do mesmo nome, que segundo a tradição foi refúgio de piratas, contando a lenda que um bando de piratas vindos do norte de África ali encontrou um eremita decidido a defender a capela à sua guarda e a impedir o seu próprio cativeiro. Os piratas mataram o eremita, saquearam a capela e atiraram para um silvado a arder a imagem da Virgem, e depois partiram. As gentes de Porto Covo procuraram a imagem em toda a ilha, descobriram-na intacta e colocaram-na numa outra ermida, que passaria a ser conhecida por Capela da Nossa Senhora Queimada.
Do Forte de Santo Alberto, na Ilha do Pessegueiro, pouco resta, mas ainda assim consegue-se, aqui, uma boa aproximação e definição das ruínas. O Forte de Nossa Senhora da Queimada, junto à praia do Pessegueiro, também construído no reinado de Filipe III de Espanha e restaurado por D. Pedro II, encontra-se classificado como monumento nacional, tendo passado, nos dois últimos anos, por obras de restauro, desconhecendo, no entanto, se já está aberto ao público.

Vila Nova de Milfontes




Quando chegámos a Vila Nova de Milfontes fomos directos para a praia, que se encontrava com pouca gente, onde as mulheres se estenderam ao sol. Eu e o amigo Zé fomos, sem perda de tempo, ao bar da praia para tomarmos duas imperiais e fugirmos ao calor que se fazia sentir.
Em Vila Nova de Milfontes esperava encontrar, como noutros anos em que lá fui por esta altura, as fachadas das casas repletas de ninhos de andorinhas-dos-beirais. Desta vez, não vi ninhos nem andorinhas e não consegui descobrir a razão para tal situação. Será que houve alguma mudança no comportamento dos animais, ou será que foi tomada pelo homem alguma medida contra a fixação das andorinhas às casas? A propósito de andorinhas, sabiam que em Portugal predominam cinco espécies de andorinhas? A andorinha-dáurica, a andorinha-dos-beirais, a andorinha-das-chaminés, a andorinha-das-rochas e a andorinha-das-barreiras, que, ao contrário das quatro primeiras, que fazem ninhos de lama com o feitio de taça e com uma pequena abertura em cima, escavam túneis nas barreiras e nos silvados que chegam a ter dois metros de profundidade, onde constroem galerias e vivem em colónias que podem atingir os duzentos exemplares. As andorinhas-das-rochas ficam todo o ano em Portugal, enquanto as outras espécies chegam na Primavera e debandam para países mais quentes do Sul no Outono. Quando chegam, geralmente as andorinhas ocupam ou recuperam os ninhos onde nasceram. Alimentam-se de insectos, que apanham em pleno voo, com excepção das andorinhas-do-mar que têm bicos mais compridos e apropriados a apanhar, mergulhando, o alimento marinho. É muito interessante. Para mais informações sobre as cores e características próprias das várias espécies de andorinhas, entrem no site das Aves de Portugal, aqui:
Quanto a fotos e informação sobre Vila Nova de Milfontes, freguesia do concelho de Odemira, onde desagua o rio Mira, muito frequentada por banhistas na época balnear, vejam aqui.

terça-feira, 30 de junho de 2009

O velho «cavalo» de Tróia





De regresso de Vila Nova de Milfontes pelo Cercal, passámos por Grândola, a caminho de Tróia, onde chegámos às 19 horas, para uma visita ao Tróia Resort, que pode ser visto aqui, e o trabalho do sociólogo do ISCTE José Gomes Ferreira, «Usos humanos da natureza: O exemplo da Península de Tróia», aqui. Ao contrário dos meus acompanhantes, confesso-vos que, com a aproximação do «resort», a desilusão tomou conta de mim. De nada valiam os meus argumentos para arrefecer o entusiasmo e aplauso dos meus companheiros perante as repetidas «dunas» artificiais, estranhas à antiga paisagem local, construídas nas rotundas e ao longo da estrada. Mais à frente, à esquerda, largas dezenas de apartamentos em edifícios de paredes de vidro, à venda por preços milionários, foram motivo de espanto perante tamanha transparência. O volume edificado em cimento e vidro das construções novas claramente ultrapassa o razoável, comparado com o tempo da Torralta. A mudança para longe do «resort» da estação dos «ferrys» para afastar o maralhal que atravessa o Sado, o aumento brutal dos preços para a travessia do rio, ver aqui, a falta de pessoas nas ruas que não fossem visitantes ocasionais como nós ou seguranças, a sumptuosa marina com luxuosos iates e veleiros no lugar onde dantes acostavam os barcos de passageiros, são sinais evidentes do que se esconde por detrás de projectos turísticos, em princípio justificáveis de progresso e desenvolvimento, ou de PINs – Planos de Interesse Nacional – que são verdadeiros «cavalos» de Tróia para o sector imobiliário se alargar e tomar de assalto o património natural e as zonas protegidas, sejam onde for, na Península de Setúbal, na Costa Vicentina, no Algarve, ou na longa costa a norte da foz do Tejo. Neste caso troiano, é de realçar a conivência das câmaras de esquerda de Setúbal e de Grândola que nada fizeram de concreto para contrariar os brutais aumentos dos preços da travessia do rio e o apetite voraz da especulação imobiliária da Sonae e da Amorim Investimentos que acabará por tomar conta da Península de Tróia.
Longe, bastante longe, vão os tempos em que, às centenas, banhistas, como nós, saíam dos barcos e logo ali atravessavam o areal para se espalharem ao longo da praia do Carvalhal, na costa marítima. Desse tempo é a foto que está em cima, tirada ao Luís Miguel, pelo nosso amigo João Manuel Andrade, num domingo, há trinta e seis anos, em que fomos até lá nos carros do Dírio e do Mário.
Aos interessados pelo património natural que é de todos nós e pelo ordenamento do território do País que não tiveram tempo ou vontade política para ler o longo dossiê do investigador José Gomes Ferreira, peço encarecidamente que voltem a ele. E mais: não deixem de acompanhar estes projectos que vão alterar a paisagem do território português durante os próximos anos.
Até um dia destes, na Madeira.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Já-vai-ali

A ideia deste blogue nasceu durante a viagem que cinco amigos de longa data – os casais Edite-Fernando, Rosa-José Luís e a Dr.ª Gorete – fizeram ao concelho de Idanha-a-Nova e que depois se estendeu à província de Cáceres, em Espanha, nos feriados de 10 de Junho, Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, e Corpo de Deus, que, por ser móvel – quinta-feira da 2.ª semana após o Pentecostes (60 dias após a Páscoa)–, este ano foi a 11 de Junho.
O blogue tem por objectivo assinalar as localidades mais importantes onde estivemos e dar a conhecer, a nós próprios e a quem visite o «Já-vai-ali», informação mais abalizada que a internet proporciona sobre essas terras. Tem ainda, acessoriamente e à falta de melhor sítio, o objectivo de armazenar as fotos captadas por nós, independentemente da sua qualidade.
Está aberto a quem queira colaborar e a registar outras viagens que venham a ser realizadas por nós, nossos familiares ou amigos.
Portanto, a partir de agora disponham-se a tomar notas das viagens que realizarem e a postarem aqui as suas impressões e as fotos que tirarem. Para qualquer coisa, contem sempre comigo. José Luís

Idanha-a-Nova










Entrámos em Idanha-a-Nova com o pé-direito, visitando o moderno e imponente Centro Cultural Raiano, que fica, para quem entra, à direita, no princípio da avenida principal da cidade. São 2800 metros quadrados distribuídos por três esplêndidas salas de exposições (duas de exposições permanentes "Olaria de Idanha" e "A agricultura nos campos de Idanha" e uma para exposições temporárias), um moderno auditório com 260 lugares utilizado para diversos espectáculos (de música, dança, teatro, etc.) e também como sala de cinema (onde são exibidos filmes muito actuais), arquivo municipal, sala multimédia (com computadores ligados à internet) e gabinetes de trabalho. Os serviços de apoio, para além da Secretaria e Administração, integram ainda um laboratório de fotografia e um apartamento destinado a investigadores. Não deixem de o visitar quando por ali passarem.
Depois atravessámos a cidade para a zona histórica, onde visitámos vários locais de interesse turístico. Por fim, fomos ao Castelo, de onde se avista uma ampla paisagem que uma lápida ali colocada bem descreve:

Subi acima ao Castelo
Lá ao longe vi a Espanha
Dei um abraço a Monsanto
E o coração a Idanha
.

Vejam Idanha-a-Nova aqui.
Como já estávamos com fome – eram 13 horas – e a Edite tinha trazido de casa um atunzinho que havia sobrado do nosso jantar na noite anterior, logo à passagem da Senhora da Graça, aqui, à direita, encontramos um «open space» de mesas corridas, à sombra das árvores, onde saboreámos o atum da Madeira, acompanhado de um tintol que tínhamos comprado em Mação e que já tínhamos provado ao pequeno-almoço, quando comemos umas estaladiças sandes de queijo com alface e coentros. Maravilhoso.
Depois, como vimos uma placa e estávamos perto, subimos, para beber café e ver o santuário, à Senhora do Almortão, que o José Afonso imortalizou na célebre cantiga Senhora do Almortão/ó minha linda raiana/virai costas a Castela/não queirais ser castelhana/Senhora do Almortão/a vossa capela cheira/cheira a cravos, cheira a rosas/cheira a flor de laranjeira/senhora do Almortão/eu pró ano não prometo/que me morreu o amor/ando vestida de preto, que também podem ouvir aqui, cantada pelo Zeca, numa outra versão.
De seguida fomos a Alcafozes, aqui, onde na Sociedade Recreativa local tomámos um bagaco, e, se não tivéssemos almoçado, tínhamos ensopado de borrego à discrição, a convite da direcção da colectividade, que fez dois anos de existência neste dia 10 de Junho. Portanto, para o ano, se por lá passarem, no Dia de Camões, não se façam rogados, porque aquela gente é sincera.

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