quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Homem em Pé

Na antevéspera da nossa saída da Madeira, minha irmã comunicou-nos que a amiga Rubina nos propunha um passeio no dia seguinte, à tarde, se estivéssemos disponíveis. Como não tínhamos compromissos, aceitámos com todo o prazer, e na quarta-feira, depois do almoço, lá chegou a amiga Rubina com o seu confortável Citroën e duas ideias: ou íamos ao Curral das Freiras ou a um sítio muito bonito que ela e o marido tinham descoberto nas suas andanças de jipe. Optámos pela segunda sugestão, já que conhecíamos a Eira do Serrado e o Curral das Freiras, e a nossa condutora garantia, com humor, que não andaríamos aos tombos dentro do carro, porque o caminho era bom.
Eis, então, que tomámos, mais uma vez, a via rápida para Leste, em direcção a Machico, Porto da Cruz, Faial, São Jorge e Santana, subindo, a determinada altura do trajecto, para o Miradouro da Cova da Roda, onde chegámos pelas 16 horas. A paisagem ali é indescritível, variando entre espécies da laurissilva e a ruralidade das terras do Faial. À esquerda, no mar, avista-se a Ponta de São Lourenço, debaixo da Penha de Águia. O Faial fica à nossa frente, ao longe, e as Cruzinhas, com as suas célebres e perigosas voltas, mais para a direita. Deste local, há um caminho para as Cruzinhas, e outro, também de terra batida e com sulcos das chuvas, para o Pico das Pedras.
Tiradas algumas fotos, retomámos a viagem, entrando, mais abaixo, na área do campo de futebol de Santana e do parque industrial, onde voltámos a subir para a serra, passando pouco depois pelas Queimadas e pelo Pico das Pedras, que há quatro anos conheceramos com a Mercês e o Zé Gregório. Mais acima uns dois ou três quilómetros de estrada sinuosa, parámos numa curva e saímos do automóvel por recomendação da nossa amiga. Conhecedora da paisagem que se estendia aos nossos pés, a Rubina, começou por apontar-nos, em baixo, à nossa frente, o Miradouro da Boca das Voltas, onde estivéramos no sábado passado, ao lado, à direita, as Cabanas, em São Jorge, o Arco de São Jorge e Boaventura, à esquerda, e insinuando-se, junto ao mar, na mesma direcção, mas longe, Ponta Delgada. Muito belo o panorama que dali se avista!
Apanhados, furtivamente, uns orégãos que estavam aos nossos pés, voltámos a subir mais umas centenas de metros na mesma estrada, desembocando, finalmente, num amplo largo, de terra vermelha muito fina, no alto da serra. Surpreendentemente, estava no famoso planalto da Achada do Teixeira que tantas vezes ouvira falar mas desconhecia onde se situava. Próximo, num ponto mais alto, existe um casarão do Governo Regional que dizem ser cedido aos «amigos». Na altura não havia amigalhaços e o aspecto do edifício não era convidativo. O tempo estava bom, ameno, sem vento, e o sol brilhava. Do largo, onde já estacionavam vários automóveis de turistas, parte a vereda para o Pico Ruivo (1861 m), que por sua vez faz ligação, também por vereda, ao Pico do Areeiro (1817 m). Caminhantes, de mochila às costas e bordão na mão, chegavam, suados e extenuados. Outros, frescos, partiam para o pico mais alto da Madeira. Eram novos e velhos e até crianças. Extraordinário!
Nós, guiados pela Rubina, entrámos por uma vereda junto da casa. Não andámos muito. Uns cinco minutos ou nem tanto. Deslumbramento! Do lado do Pico do Areeeiro, um mar de nuvens brancas pairava, abaixo dos nossos olhos, alimentado por vagas sucessivas de outras nuvens que subiam da floresta laurissilva do outro lado da montanha. Admirável, mas ao mesmo tempo misterioso, pela cadência com que o nevoeiro subia!
Rodámos para a esquerda e andámos mais umas dezenas de metros. Outra maravilhosa paisagem apresentava-se à nossa frente: a verdejante laurissilva, luxuriante nos seus cambiantes, espalhava-se amplamente pelas vertentes das montanhas vizinhas. Perto, uma formação de rochas basálticas sobressaía imponente de uma ravina, sugerindo-nos grotescas figuras surrealistas. Era o famigerado «Homem em Pé». Estava descoberta, finalmente, a tal «personagem» de pedra que ouvia falar associada às caminhadas do Areeiro ao Pico Ruivo. Formidável! (Descobri na net, posteriormente, que no local existem outras formações rochosas megalíticas, como «A Cara»).
Estávamos nesta admiração, quando finalmente o nevoeiro sobre o mar foi dissipando-se e a amiga Rubina nos chamou a atenção para a ilha do Porto Santo que, ao longe, ia saindo da bruma entre Santana e a Penha de Águia. Fantástico!
Na descida da serra, nas curvas da estrada, durante centenas de metros, ainda se avistou, claramente, a silhueta da «Ilha Dourada», onde se previa também estar sol. Espectacular!
À Rubina, que nos proporcionou tantas sensações e descobertas agradáveis numa tarde, o nosso obrigado!

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