quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aldeia de Monsanto
















Considerada por poetas, escritores e etnógrafos a Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, em concurso nacional promovido, em 1938, esta bela Aldeia de Monsanto não é fácil de se conquistar. No entanto, quem a visite não consegue deixar de se sentir atraído por ela e, seduzido pelo
seu encanto, redobrar esforços para, devagarinho, parando aqui e ali para ganhar fôlego, ver as lojas de recordações, a paisagem, as flores, ou cumprimentar os moradores, voltar, fatigado mas curioso, a conquistar a ladeira e admirar as belezas desalinhadas amontoadas nas íngremes e sucessivas curvas e contracurvas de um presépio natural, onde os penedos graníticos se confundem com o colorido dos telhados das casas, interpenetrando-se, ou expondo-se ameaçadores no seu equilíbrio perigoso.

Na descida, a meio da encosta, passando por forasteiros nacionais e estrangeiros que continuam a subir para o castelo, entrámos num restaurante típico, existente no interior de um grande penedo, onde nos saciámos com imperiais fresquinhas à sombra de um caramachão florido com vista sobre parte da aldeia. Numa mesa próxima, sozinha, a beber cerveja a copo, uma loira holandesa, funcionária da pousada da aldeia, meteu conversa connosco num português muito aceitável, chamando-nos a atenção para aspectos curiosos da aldeia que ela se enamorara há seis anos e não mais deixara.
Por fim, visitámos a Torre do Relógio ou Capela Sineira, onde no pináculo, como um catavento, se encontra o galo de prata, prémio ganho por Monsanto no concurso das aldeias. Curiosamente, este concurso, como vários na época, promovidos pelo Secretariado da Propaganda da ditadura do Estado Novo, teve como objectivo dar a conhecer ao exterior o regionalismo e o que de melhor havia no País para mostrar. Contraditoriamente, ganhou Monsanto, que até aí estava fechada sobre si própria e só veio a ser conhecida a partir daí.
Mas, para mais conhecimento sobre a história e o património cultural e edificado da Aldeia de Monsanto, vejam aqui.

2 comentários:

  1. Comensal nº 1, Luis Madalena, estás "deveras" de parabens. A equipa está maravilhada com esta profunda e saborosa prosa.
    As restantes fotografias são da responsabilidade da Dra. Gorete que por estar a ganhar plim, não teve ainda tempo de as enviar.

    Um abraço de todos.
    Fernando Ferreira.

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  2. Obrigado, Fernando. Fico muito honrado pelo teu comentário. Sabes que nós, madeirenses, sendo os maiores «teimosos» do mundo (parece-me que foi o escritor John dos Passos que o disse, e, se não foi ele, foi outro grande homem das Letras, referindo-se à ciclópica obra madeirense de escavação das levadas e dos caminhos nas rochas), somos também «poetas» ou «loucos» que ficam horas a fio, pasmados, a olhar o céu e as «estrelas» na noite, ou a curva do mar, no horizonte, de dia, sempre à procura que apareça qualquer «coisa». Raramente aparece, a não ser que já se tenha um ou mais «espritos» de alambique na alma. Ainda assim, pode um meteorito rasgar o céu, na noite escura, e, arrepiados pela surpresa, pedirmos os tradicionais e obrigatórios três desejos que, desconfiadamente, como bons madeirenses, sabemos de antemão que não irão realizar-se. Pode, ainda, em qualquer altura do dia, de repente, um barquinho insinuar-se no horizonte... Aos poucos, pela silhueta dos mastros, da proa, do desenho do casco... de olhos semicerrados vemos crescer, ao longe, aproximando-se, um veleiro ou um navio que nos pode «levar» da ilha. E voltamos a sonhar, mesmo acordados... Onde estou, como sabes, não vejo o mar e os barcos, apesar de estarem próximos, sentir o cheiro da maresia e ouvir de vez em quando o apito dos grandes paquetes que entram e saem do porto. Mas, como sabes, Amigo Fernando, se tivermos «esprito» sonhamos e navegamos sempre. Seja na ilha ou neste «mundo» que temos pela frente. Sempe que puderes, sonha. Um Abraço, J.Luís.

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