terça-feira, 16 de junho de 2009

Penha Garcia e Monfortinho



De Monfortinho, pouco há a dizer para além de ser sido o local onde pernoitámos do dia 10 para 11, na Residencial Nogueira, num baratinho e agradável apartamento de dois quartos, cozinha e casa de banho (80 euros), decorado com flores de plástico e bonequinhas de loiça. Contratado o apartamento, fomos espreitar as termas, já fechadas, e jantar no Restaurante Javali, onde foi «baptizado» este blogue. Depois, à boa maneira dos «penetras», com descontração, mãos nos bolsos – cumprimentados pelos empregados à passagem na recepção –, fomos dar um ar de ricos ao interior do Hotel Fonte Santa, que, diga-se, é um excelente hotel, muito bonito e bem decorado. Podem pesquisá-lo aqui no mapa.

De Penha Garcia, aí sim, há que ver e dizer. Deixámos o carro no Parque 25 de Abril, «guardado» por um tanque da Revolução, e devagarinho, devagarinho, fomos subinho a povoação, dando as boas-tardes aos moradores sentados nas soleiras das portas, até que, a partir de determinada altura, começámos a ver que já não havia mais velhotes, e as casas, apesar de boas, tinham aspecto de abandonadas e as ervas na calçada abundavam, o que não se verificava nas aldeias antes visitadas. Perguntámos a uma velhota de lenço na cabeça, lá no alto, a razão de tal abandono, e tivemos como resposta aquilo que já sabíamos, mas que não pensávamos estar a acontecer numa terra tão bonita. O êxodo dos mais jovens do interior para o litoral, que já se regista a uns bons anos, por falta de trabalho nas suas terras, como – disse-nos a senhora – fizeram, depois da tropa, os seus cinco filhos, a viverem no Barreiro e Almada – dois deles antigos marinheiros no Alfeite –, que raramente vão à aldeia. Ela, pelo contrário (apesar dos seus oitenta e tal ou noventa anos, pelas contas que eu fiz, já que o filho mais novo era da minha idade), resistia ali sozinha, seca como um carvalho no alto da serra, apesar dos seus graves problemas de saúde. Com um sorriso, despediu-se, dizendo-me que dali a quinze dias, depois das consultas no hospital ao seu mal – leucemia – iria de férias para casa de uns netos. Mais à frente, dando a volta à igreja da aldeia, e enquanto a Gorete, a Rosa, a Edite e o Fernando subiam ao castelo, estive também à conversa no miradouro que dá para a barragem com uma simpática mulher ainda nova que, vivendo no Seixal há anos, falou-me do seu amor à terra, do que era o rio Pônsul antes da barragem, da história dos moinhos e da vida isolada das famílias dos moleiros, que criavam porcos para a subsistência nos chiqueiros que ainda lá se vêem. Por fim, ao despedir-se, confidenciou-me que estava na aldeia a recuperar a casa da mãe. Ao menos isso, conserve-se o património, à espera de um regresso, um dia, depois da reforma. Em jeito de agradecimento sincero, também pelo que ela estava a fazer à casa da mãe, disse-lhe: «Que tenha muita saúde e seja muito feliz!».

Quanto a fotos, à história do lugar há 500 ou 200 milhões de anos atrás, quando se deram as grandes alterações oceânicas, de que dão testemunho os fósseis marinhos nas rochas, ou à história mais recente, meus amigos, naveguem na net. Podem começar por aqui.
Boas viagens!

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