terça-feira, 11 de agosto de 2009

Convívio em casa da Mercês e do Zé Gregório

Logo no dia seguinte à nossa chegada, a Mercês e o Zé Gregório prepararam um jantar na sua casa, convidando também os nossos amigos Maria José e José António, Edite e Fernando, e naturalmente minha irmã Conceição, o Florentino e o Fábio, seu neto. Mais tarde, chegaram o filho dos nossos anfitriões, o Vítor Hugo, e a Fabíola, sua namorada.
Sempre que vamos à Madeira, estes nossos amigos são os primeiros a organizarem o convívio que dá lugar a outros e a passeios e piqueniques pela ilha.
A Mercês e o Zé prepararam-nos vários petiscos para entrada, refrescos e vinho alentejano do Redondo, e uma feijoada regional, como prato principal, que estava uma delícia. Não resisto a deixar aqui a receita de um paté de atum, feito com um toque pessoal da Mercês, que foi por todos muito apreciado. É assim: Duas colheres de sopa de maionese; dois iogurtes naturais ou, em alternativa, queijo fresco; uma lata de atum de conserva (385 g); dois dentes de alho picado; um raminho de salsa picada; delícias do mar; pão ralado; e «ketchup», conforme o gosto e para dar cor. Mistura-se tudo na trituradora até ficar no ponto de barrar nas minitostas ou no pão torrado. Adiciona-se, se necessário, mais pão ralado ou maionese para fazer o ponto. Uma delícia!
A amizade e convivênvia pessoal que une as nossas duas famílias é muito antiga e tem raízes ancestrais. Ligou os nossos pais na juventude e pela vida fora, com tratamento de compadres, principalmente durante as agruras da Segunda Guerra Mundial, quando nascemos. Sem emprego, muitos homens emparceiraram, para fugir à fome, no «desbastamento» ilegal de espécies verdes da flora da serra (diziam, simplesmente, «ir à lenha, aos louros», ainda não se falava em «laurissilva», bom motivo de estudo para antropólogos e historiadores esta época) para vender combustível lenhoso às fábricas de moagem a vapor dos ingleses, para alimentar as caldeiras, que não recebiam do estrangeiro carvão-de-pedra. A fraternidade que nos une, cimentada pelos anos de relacionamento na meninice e juventude, primeiro na Madeira e depois no Continente, pode dizer-se, com toda a propriedade do termo, que é familiar e permanente ao longo de três gerações, caminhando para a quarta.
Foi pouco depois de virmos para o Continente – a mana Ana veio no mesmo barco da Rosa, para estudar – que a Mercês veio tirar o curso de enfermeira-parteira em Lisboa, em 1970, e o Zé esteve por aqui na tropa, frequentando naturalmente a nossa casa como se irmãos fôssemos. Depois, vieram a Ana e o saudoso Mário, irmãos de ambos, a Gorete e o Dírio, e a Fernanda e o João Manuel, para trabalhar e estudar. Era uma alegria para nós termos, aos fins-de-semana, a casa cheia. Nas férias do Natal, do Carnaval e da Páscoa, por vezes vinham a Salomé e a Guida. Eram convívios que se estendiam pela noite adentro, até altas horas da madrugada, aquecidos pela muita fraternidade e por poncha, licores de café, tangerina e tintatum, e canja de galinha. As raparigas, na cozinha, dedicavam-se à feitura de bolos, malassadas e doces, ou na decoração da casa para a ocasião festiva. Os homens geralmente jogavam à bisca, à copa, ao dominó de cartas, enquanto elas não acabavam as suas tarefas e juntavam-se a nós. Depois, com a instalação domiciliária das várias famílias na periferia de Lisboa, e, mais recentemente, com a vinda de filhos e sobrinhos para estudar, os convívios variaram de sítio, juntando sempre muita gente, como no mês passado, nos anos do Paulo, e no princípio de Agosto, no Cacém, nos anos da Ana.
Viva a nossa Amizade! Viva a Fraternidade!

NOTA: As fotos deste convívio vão chegar mais tarde. O Vítor Hugo está de férias no Porto Santo.

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